sábado, setembro 30, 2006

"Devia ser como no cinema..."

E sem saberem...
Tal e qual... assim!
A beber chá e a decorar texto...

"Sem correr bem devagar
A felicidade voltou pra mim
E sem querer nem suspeitar
meu coração deixou voçê surgir..."

Ela não lhe tirou os nós do cabelo nem ele lhe fez massagens nos pés...
Mas aconteceram coisas importantes... tão ou mais importantes!

sábado, setembro 23, 2006

Cinco minutos...

Ela quis esperar por aqueles cinco minutos, quis dizer-lhe tudo o que sonhava, mesmo que ele não quisesse ouvir...
Era importante que ele soubesse a verdade, que desconfiasse que aquele amor era para ser... era um dom dedicado só a ele!
Lembranças, recordações, são a única coisa que ficou, passado estes anos todos tudo continua assim, exactamente assim, tal e qual como naquele primeiro dia, tal e qual como no último em que se despediram e pediram que não fosse para sempre...

Cinco minutos postos nela, só isso e depois o velho e inevitável adeus, e...
"Sabes?!... Não quero que isso te magoe, não quero que te arrependas e me peças perdão, quero apenas que saibas de tudo, que me ouças e acredites no que te estou a dizer, sei que isso te fará muito mais feliz, mesmo que não seja pra dar, mesmo que tudo continue com a mesma distância fisica que nos separa.. sei que é mais fácil, mesmo que pareça que não... acomodarmo-nos a uma ilusão não melhora a coisas!
E... é tudo para ti, não existe mais ninguém com quem dividires tudo o que está guardado há tanto tempo...
Não posso fazer mais nada, deixa-me só dizer que amo, muito e de verdade e isso será assim para sempre, porque é assim desde sempre..."

E depois foi-se embora, com um nó na garganta com aquele adeus engolado...

Hoje, sentada na poltrona da meditação a fumar um cigarro, sozinha, absoltutamente sozinha, a comer bolachas e a beber café, sem nada no corpo...
Chove...
Há música...
E não sinto culpa, tenho de encontrar algum caminho, se é melhor por aqui... não sei... mas vou tentar, até porque me está a deixar bem... eu acho!
Vou dedicar-me... e se tu apareceres vou tentar ser forte!

E agora já não tenho uma música pra cantar...
Mas podemos dançar no silêncio... deixa-te levar!

Cinco minutos arrancados do teu relógio sem pilhas...



terça-feira, setembro 12, 2006

She cannot cry you out...


Dois lírios sobre a mesa
Uma janela aberta sobre o mar
Trago em mim uma certeza
De quem espera pelo teu voltar


Um cheirinho a café
Fotografias caídas pelo chão
E no ar uma canção
Traz-me uma recordação



Tenho um poema escrito
Guardado num lugar perto do mar
Tenho o olhar no infinito
E suspiro devagar


O tempo aqui parou
Desde que te foste embora
Só a saudade ficou
Já não aguento tanta demora


Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E tanto pata te dar
Que a vida não chega


Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E sei que vou te amar
Para a eternidade…


(Viviane- A vida não chega)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sinto-me com sorte!

À partida os transportes públicos, já por si são locais muito pouco atractivos, na minha opinião. São caros e em horas de ponta absolutamente insuportáveis: Vamos lá dentro como enlatados num género de conserva qualquer, mas desde já muito rasco; nunca chegam a horas quando precisamos; o ar é irrespirável; encontra-se sempre, por sorte, um tarado qualquer que se lembra de chegar perto de mais, com a desculpa de que o autocarro vai cheio; a mistura de perfumes e odores, ou melhor, aromas pouco agradáveis, que se misturam e provocam uma dor de cabeça que só apetece desaparecer; as pessoas que entram no autocarro e que por algum milagre avistam um lugar na outra ponta do transporte, e sem olhar a meios nem fins, perfuram uma fila de pessoas, empurram, pisam, não pedem licença e ainda por cima são mal educadas!
Bem, para além de todos estes apectos negativos, estes transportes podem ser, para algumas pessoas (numa hipótese remota), locais hilariantes!!
Existem muitas coisas capazes de nos distraír na nossa pequena ou longa viagem num transporte público, como ouvir música, ler, conversar com um possível amigo que nos acompanhe, jogar no telémovel, jogar sudoku, etc... mas para mim o melhor de tudo é observar, e posso afirmar que os autocarros são dos melhores locais para apurar este nosso sentido!
Hoje apanhei o 58 rumo a Cais do Sodré, para ir tomar um café ao Bairro Alto, entro e vou para o meu lugar de sempre (quando está vago). Duas paragens à frente enra uma senhora já com uma idade bastante avançada, cuja boca sentia evidentemente a falta de qualquer coisa, talvez fossem os dentes, o cabelo era branco, curto, sujo e muito despenteado, as roupas eram largas, velhas e cheiravam a mofo.
A senhora entrou a rir e a falar sozinha, confesso que não percebi de imediato o que ela dizia, estava de phones. Ela continuou a andar à procura de um lugar, e eu podia ver, com a máxima clareza, o ar das pessoas a rezar para que ela não se sentasse ao seu lado, pois foi a mim que me calhou a fava, ou melhor, "só me calham é duques!"
Olhei para ela e evidentemente a senhora tinha um ar senil, o que dizia não tinha nexo, mas esforçei-me para a entender no meio de gargalhadas e frases soltas completamente elouquecidas.
A senhora reparou que estava a fazer um esforço incrivelmente indiscreto para a entender, olhou para mim e disse entre risos assustadores: "A menina conhece aquela música que é: Era uma vez um gato francês que falava inglês?"
Fiz uma ginástica cerebral enorme para ver se ela estava a falar de uma música que eu não conhecia de todo, ou se era aquela que toda a gente conhece: "Era uma vez um gato maltês que tocava piano e falava francês". Respondi-lhe sem ter chegado a nenhuma conclusão: "sim, sim, essa é muito gira, também gosto muito."
A senhora olhou para mim com um ar transloucado mas contente, sorriu e continuou a falar sozinha até ao fim da sua viagem.

Fiz a minha boa acção do dia...
Tornei aquela senhora um bocadinho mais feliz iludindo-a com uma música que só existe na sua cabeça.. mas foi bom partilhar aquele momento!

Para além de mais uma porta se ter fechado, sinto-me bem.. afinal parece que a esperança é mesmo a última a morrer e hoje o caminho para chegar até ti tornou-se mais curto!
Está uma lua cheia fantástica e viva os transportes públicos e o 58, sinto-me crente!

Boa noite e um bem haja! lol

quarta-feira, setembro 06, 2006

Just like this

UNABLE TO ESTABLISH CONNECTION



Pink
Hand in hand
A smile
A kiss
Painting
Dancing with...
Looking at...
A word
5 minutes
A cigarette
...and its all done...

"A língua inglesa fica sempre bem e nunca atraiçoa ninguém"

Hoje apeteceu-me expressar a minha desconecção em inglês!
Lamento, erro técnico, possível distúrbio linguístico!
Até breve!

sábado, setembro 02, 2006

Se eu pudesse


"Se eu pudesse, agarrava-te todos os dias nos meus braços, cantava-te músicas de embalar até fechares os olhos, lia-te estórias e inventava-lhes um fim, deitava-te nos meus braços e esperava que adormecesses, entrava nos teus sonhos e pintava-os de cores e sons perfeitos, depois acordava-te ainda cedo, devagar, abria três dedos da persiana, punha John Cale ao piano, pegava-te nas mãos até acordares, trazia-te o pequeno almoço à cama, Corn Flakes e uma maçã verde, dançávamos como sempre fazemos, depois punha o banho a correr e ficava quieta, à espera que começasses o teu dia ao meu lado, sereno, seguro, tranquilo, pacificado contigo e com o mundo.
Se eu pudesse, plantava ramos de alfazema mágicos que cresciam até ao fim do dia, apanhava-os e espalhava-os pela casa e desfazia folhas nas gavetas, pendurava os quadros que não sabes onde pôr, lia os teus livros e escrevia-te cartas de amor, depois sentava-me no sofá a olhar lá para fora e a pensar que não há nada melhor na vida do que amar...
Se e pudesse, os comboios andavam mais depressa, os aviões não faziam barulho, não havia portagens e as auto-estradas eram automáticas, punha um carro numa faixa e a estrada andava sozinha, chegava aí num instante, tinha tempo para estar e regressar, ou então metia-te num avião e levava-te para um lugar onde nunca fomos, tu ías de olhos vendados e tampões nos ouvidos, não sabias nada mas confiavas em tudo; então chegávamos a um canto sossegado, perdido dos homens e do mundo, deitava-te em cima de uma cama enorme e branca e amava-te durante horas e sem tempo, até adormeceres outra vez nos meus braços. E de olhos fechados, podias imaginar a vida que sonhas mas ainda não conheces, podias ver o futuro a passar-te à frente, fazias as pazes com o teu passado e percebias que podemos ter aquilo que sempre quisemos, que nada é impossível quando o que queremos é verdade e está certo.
Se eu pudesse, voltava ao princípio e ía mais devagar, falava mais e ouvia-te menos, oferecia-te um dicionário com todas as palavras que não conheces ou já esqueceste, tolerância, confiança, transigência, partilha, abnegação, construção. Depois embalava-te outra vez nos braços e esperava que o dia seguinte trouxesse atrás de si outro e mais outro e deixava a vida fluir, esquecia-me dos teus defeitos e tu dos meus e com o tempo aprenderíamos a viver um com o outro sem nos cansarmos, sem nos magoarmos, sem sombras nem equívocos...
Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentávamo-nos à lareira a conversar, explicava-te porque é que um dia reparei que existias e, sem querer, me esqueci do meu coração entre os teus dedos...
Se eu pudesse... mas não posso, porque ninguém caminha sozinho, uma ponte só se contrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais do que uma gota de água nesse rio parado, uma peça perdida de uma ponte desmantelada, um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos, uma folha em branco que perdeu a caneta, um estandarte sem bandeira, uma voz sem som, uma mão sem a outra. Falta-me a tua voz, o teu desejo, o teu querer, o teu poder. Falta-me uma parte de mim que te dei e que agora já não podes devolver.
Um dia ainda havemos de nos entender."

(Autor anónimo) Uma crónica perdida entre outras tantas folhas de uma revista.